10 horas por dia, dizem os licenciados, quantas puderes dizem os desleixados.
Deixo as almofadas de lado, tombo a cabeça no chão, aqueço os olhos vidrados. Vamos lá começar então.
Está escuro, delineado. Uma daquelas coisas de cozinha. Daquelas em que vivi. Sim. É um balcão de bar dentro de um quarto iluminado pelas janelas envidraçadas de luz morta. É gente viva, é gente desconhecida. Estou em pé, de longe, sentado no sofá entre pessoas que não conheço. Não tinha visto a mesa mesmo à minha frente. O bar do balcão está cheio de garrafas meio vazias.
Olá. Olá. Bebi. Olá, olá. Bebi. Olá, olá, fumei, bebi.
Sou monte aglomerado de uma cama. É minha. Não é bem minha, porque a minha não é bem assim. Mas ela também não é minha e está em cima de mim. Não é bem em cima, é mais em baixo. Uma mão. Fria. Não é minha, mas é mortífera, é vida. É impulso, é um segundo. É tudo. É gente desconhecida, é ela, e ela é bonita.
Era o céu e o céu estava frio, naquela noite de manhã
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
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1 comentário:
O entrelaçado de palavras, bem conseguido, completa.
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