segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Tenho de dormir.

10 horas por dia, dizem os licenciados, quantas puderes dizem os desleixados.

Deixo as almofadas de lado, tombo a cabeça no chão, aqueço os olhos vidrados. Vamos lá começar então.

Está escuro, delineado. Uma daquelas coisas de cozinha. Daquelas em que vivi. Sim. É um balcão de bar dentro de um quarto iluminado pelas janelas envidraçadas de luz morta. É gente viva, é gente desconhecida. Estou em pé, de longe, sentado no sofá entre pessoas que não conheço. Não tinha visto a mesa mesmo à minha frente. O bar do balcão está cheio de garrafas meio vazias.

Olá. Olá. Bebi. Olá, olá. Bebi. Olá, olá, fumei, bebi.

Sou monte aglomerado de uma cama. É minha. Não é bem minha, porque a minha não é bem assim. Mas ela também não é minha e está em cima de mim. Não é bem em cima, é mais em baixo. Uma mão. Fria. Não é minha, mas é mortífera, é vida. É impulso, é um segundo. É tudo. É gente desconhecida, é ela, e ela é bonita.

Era o céu e o céu estava frio, naquela noite de manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

O entrelaçado de palavras, bem conseguido, completa.