terça-feira, 19 de junho de 2007

B6

Acordo de noite, muito de noite, no silêncio todo.
(São quatro horas de tardar o dia.)
Abro a janela
E, de repente. Humano,
O quadrado com cruz de uma janela iluminada!
Fraternidade na noite!

Fraternidade involuntária, incógnita na noite!
Estamos ambos despertos e a humanidade é alheia.
Dorme. Nós temos luz.

Quem serás?
Não importa. A noite eterna, informe, infinita,
Só tem, neste lugar, a humanidade das nossas duas janelas,
Neste momento e lugar, ignorando-nos, somos toda a vida.

Sobre o parapeito da janela
Sentindo o húmido da noite o cigarro a que me agarro,
Debruço-me para o infinito e um pouco

Nem corpos vibrando ainda no silêncio definitivo!
Que fazes, camarada, da janela com luz?

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